Por Moacir Zandonai
Esses dias eu estava lembrando do André. O André era um sujeito inteligente, sensível aos grandes dramas da humanidade e se emocionava com filmes de final triste. O único grande problema é que o cara era um ladrão barato. Não era cleptomaníaco, do tipo que tem compulsão por roubo como eu por comprar HQs.
Tampouco precisava, pois estudava de manhã em colégio particular, mas tinha um prazer indescritível em roubar coisa pouca. Uma vez, foi pego por um camelô em Capão da Canoa por tentar roubar chiclete.
Não sei o porquê de lembrar duma figura tão desinteressante assim, sem mais nem menos. Talvez eu tenha feito um link a partir de um chinelão por aí que vem tentando roubar o trabalho dos outros numa colônia penal zoológica que eu conheci dois anos atrás. Sei lá.
O fato é que ladrão pequeno, daqueles que nem precisam roubar pra comer nem têm alguma patologia muito séria que empurre ao roubo, é uma coisa bem comum por aí. Tem até partido político roubando discurso, por que não roubar coisas igualmente sem importância, como volantes que a gente pega na rua?
O chato é que ninguém até hoje tentou roubar uma gripe minha, ou uma daquelas chatas que ficam aporrinhando o tempo inteiro só por briga ou maldade sem talento para fazer o estrago desejado.
sobre o autor
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