Reviravoltas políticas

 Por Moacir Zandonai Jr.

Eleições presidenciais, 1989. O primeiro pleito direto, para presidente, em 29 anos. Após intensa degladiação mútua no primeiro turno, Lula e Brizola selam aliança. Na época, não era moda falar em luta contra modelos neoliberais, apenas lutar contra Collor, embora os conceitos de neoliberalismo já fossem, no então, um pouco antigos.

Lula perdeu, Collor ganhou. Vieram a mão governamental sobre a poupança, as frases imexíveis de Rogério Magri, as supostas mochilas e bicicletas de Alceni Guerra e a venda dos carros dos deputados federais. E, em 92, o impeachment, então algo inédito na história dos estados democráticos modernos.Na oposição a Collor há dois anos, Lula defende a saída do presidente desde o início. Governador do Rio apoiado por Collor (Lembram da Linha Vermelha?), Brizola ficou em maus e embaraçosos lençóis.

Eleições estaduais, 1990. Segundo turno, Collares contra Marchezan. Este perdeu, é hoje deputado governista. Aquele ganhou, está sem cargo eletivo em seu sítio, vivendo com sua polêmica esposa.

Eleições presidenciais, 1994. Brizola e Lula separados, mas contra FHC. Leonel chama Luís Inácio de “Sapo Barbudo”, mas entra em quarto, justamente atrás de outro barbudo, um com óculos tipo fundo de garrafa. O Enéas, aquele que fala em disparada. Lula também perde, pois FHC entra já em primeiro turno, Planalto adentro.

Lembram-se do “Sapo Barbudo”? E das críticas graças à defesa de Brizola à ditadura Varguista? Pois é, estão juntos. Um está para ser vice do outro.

E do rotativo, quem lembra? O PT atacou feio o projeto do então governador Alceu Collares, ele bateu feio no PT. Pois é, a chapa da Frente Popular está com tudo para ter vice do PDT. É, o PDT, do rotativo e da Neuza.

Surpresas? Pois bem, voltemos ao início da década. Quem era contra as privatizações do Collor, aquele, o dos jardins da Casa da Dinda e dos peguinhas de moto?

Hoje, o ex-vice do “Minha Gente” está assim-assim com a dupla Lula/Brizola. E nem lembrem que algumas alas da esquerda, até mesmo do MR-8, queriam que o próprio Itamar fosse exonerado junto com o Collor.

Mas nem se apoquentem, nem se assustem. A política também tem dessas.

(Publicado originalmente na Edição 1, de 23 de março de 1998)

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