Cega, surda, muda e rica

Por André Roca

Num ato imaturo para quem acabou de deixar o governo e, por isso, conhece “os dois lados da moeda”, a oposição gaúcha derrubou os vetos do governador Olívio Dutra aos projetos que aumentam de 27,5% para 37,5% a verba de representação dos membros do Tribunal de Justiça do Estado, do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado.

Mais para birra partidária do que uma real negociação do dinheiro público, o que os oposicionistas fizeram foi aumentar um salário, que já é altíssimo para os padrões brasileiros, para algo que beira o extraordinário.

É claro que a direita, no seu tempo de esquerda (se me permitem o trocadilho), também cometeu o erro de desaprovar propostas do governo Antônio Britto simplesmente por divergências ideológicas entre os partidos. Porém, já está mais do que na hora dos deputados eleitos pelo povo aprovarem medidas que favoreçam o povo.

Será que estes juízes, promotores, desembargadores que estão para receberem o aumento estão passando fome? Não. Também não precisariam passar fome para receberem um aumento. Seria justíssimo que os seus salários aumentassem a cada seis ou sete meses, desde que, do outro lado da gangorra, não esteja a grande maioria dos trabalhadores estaduais que não ganham um décimo do que eles ganham e, além disso, permanecem com o salário defasado há mais de cinco anos, num país onde os combustíveis, escolas, universidades, alimentação, etc, têm os seus preços reajustados (sempre para cima, vale citar) praticamente todos os meses.

Isto tudo é apenas mais uma mostra de que, no Brasil, a situação só tende a piorar, pois quem tem o poder de mudar algo só se preocupa em ganhar mais. Aqui, a justiça é cega, surda, muda e, acima de tudo, rica, enquanto a massa é inerte, pois deixa as coisas acontecerem não tomando atitude alguma; ignorante, favorecendo, ao que parece, o governo, e pobre, pois é só o que resta ser.

Por André Roca

 

Num ato imaturo para quem acabou de deixar o governo e, por isso, conhece “os dois lados da moeda”, a oposição gaúcha derrubou os vetos do governador Olívio Dutra aos projetos que aumentam de 27,5% para 37,5% a verba de representação dos membros do Tribunal de Justiça do Estado, do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado.

Mais para birra partidária do que uma real negociação do dinheiro público, o que os oposicionistas fizeram foi aumentar um salário, que já é altíssimo para os padrões brasileiros, para algo que beira o extraordinário.

É claro que a direita, no seu tempo de esquerda (se me permitem o trocadilho), também cometeu o erro de desaprovar propostas do governo Antônio Britto simplesmente por divergências ideológicas entre os partidos. Porém, já está mais do que na hora dos deputados eleitos pelo povo aprovarem medidas que favoreçam o povo.

Será que estes juízes, promotores, desembargadores que estão para receberem o aumento estão passando fome? Não. Também não precisariam passar fome para receberem um aumento. Seria justíssimo que os seus salários aumentassem a cada seis ou sete meses, desde que, do outro lado da gangorra, não esteja a grande maioria dos trabalhadores estaduais que não ganham um décimo do que eles ganham e, além disso, permanecem com o salário defasado há mais de cinco anos, num país onde os combustíveis, escolas, universidades, alimentação, etc, têm os seus preços reajustados (sempre para cima, vale citar) praticamente todos os meses.

Isto tudo é apenas mais uma mostra de que, no Brasil, a situação só tende a piorar, pois quem tem o poder de mudar algo só se preocupa em ganhar mais. Aqui, a justiça é cega, surda, muda e, acima de tudo, rica, enquanto a massa é inerte, pois deixa as coisas acontecerem não tomando atitude alguma; ignorante, favorecendo, ao que parece, o governo, e pobre, pois é só o que resta ser.

sobre o autor

André Roca
Jornalista, escritor e professor de Letras, mestre em Escrita Criativa

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