Por Leonardo Carvalho
Sabe o que me deixa realmente incomodado? Sabe qual a característica que julgo mais estúpida no ser humano? Sabe o que acredito ser a coisa mais designadora da completa falta do que fazer?
A crítica pelo prazer da crítica. A crítica infundada. A crítica dita destrutiva.
Afinal é uma característica natural dos seres humanos, especialmente aqueles que se dedicam à Comunicação, ter uma opinião própria sobre os mais diversos assuntos. Agora, se é natural que tenhamos opinião própria que irá sempre seguir uma certa lógica de pensamento que nos caracteriza a nós mesmos, deveria ser igualmente natural para nós – repito – estudantes de comunicação, o respeito às mais variadas formas de expressão, tanto políticas quanto culturais e humanas e que, felizmente, são tão diversas quanto são diversos os seres humanos.
Seguindo esse preceito simples de convivência e respeito à humanidade, quem sou eu para afirmar como absolutamente certo utilizar um tipo de roupa X e, por outro lado, ridículo utilizar um tipo de roupa Y? Indo mais longe, quem sou eu para dizer que o som que eu ouço é o melhor som do mundo, e o que vc ouve é uma merda? Meu cabelo é legal, é “hype” porque pintei ele de verde, o seu é careta e bundão. Burrice!
Desde que comecei a ouvir, com meus treze anos, bandas como Depeche Mode, Front 242 e Einsturzende Neubauten, comecei a me perceber diferente da maioria e sonhava em um dia encontrar lugares que tocassem esse tipo de som. Nunca achei, mas não me incomodei, mesmo porque logo passei a tocar numa banda de rock industrial e minhas ganas de ser diferente e de ouvir um som diferente do som que a maioria ouvia eram supridas através dessa banda.
Com aquele pessoal discutia as músicas, a literatura, as ideias e ficava tudo legal. Mas nunca impusemos nossa opinião para quem quer que fosse. Nunca chegamos para ninguém para dizer: ” olha… o que você ouve ( lê, pensa, veste ) é babaca”.
Então vamos deixar uma coisa bem clara: o que escrevemos aqui é o que julgamos que irá atingir o maior número de pessoas – aliás é esse o sentido de qualquer órgão de comunicação que se preze. Agradecemos a todas as manifestações de leitores que mandam sugestões de artigos, entrevistas etc… Mas abominamos e desprezamos quaisquer formas de bairrismo intelectual. Aqui vai ter espaço para todo mundo. E temos dito!
sobre o autor
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